Crítica ao Croqui de Lucas Muniz
O croqui elaborado por Lucas Muniz chama atenção,
primeiramente, pela rapidez que os traços passam sem, com isso, incorrer em
imprecisão. Ainda quanto ao traço, a hierarquia de pesos e a variedade aplicadas especialmente
na vegetação conferiram uma organicidade que contrasta muito bem com a solidez e
ortogonalidade do edifício, além de promover um maior preenchimento e sensação
de continuidade dessa vegetação. A escolha pela grande quantidade de
informações a serem representadas teve uma boa sintonia com a escolha de ocupar
toda a folha para este fim, localizando ambos os pontos de fuga para além dos
limites do papel. Já o enquadramento parece seguir a regra dos terços da
fotografia: os elementos mais interessantes – a maior massa de vegetação e os pilares e brises
onde os traços foram reforçados – se localizam justamente no centro do que
seriam o primeiro e segundo terço do quadro, valorizando-os. Neste aspecto é
como se o desenho saltasse aos olhos – sensação similar à de quem chega a
escola e a visualiza por este ângulo. Nisto consiste uma das maiores riquezas
deste – e de qualquer outro – bom desenho: conseguir transmitir, pela escolha
acertada dos elementos constitutivos, não paisagens estéreis, mas sensações. Valoriza-se
a experiência do usuário habitual do espaço, e não uma representação abstrata e
imóvel.
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