Experiência Mediada e Experiência Imediata
Ainda que tenhamos avançado muito no sentido de aprimorar as novas tecnologias de realidade virtual, o mais próximo disso disponível em larga escala continua sendo a ferramenta do Google Street View. A exploração primária e remota de espaços públicos ou da paisagem urbana como um todo muito se beneficiou dessa ferramenta, permitindo, por exemplo, que qualquer usuário dê um "passeio" pelas ruas de Paris e possa observar algumas características locais. O planejamento urbano e todas as disciplinas que dependem desse tipo de dado também tiveram um incremento positivo. No entanto, há uma diferenciação clara entre essa experiência mediada e a experiência imediata do espaço. Há uma grande restrição ainda à quantidade de informações que só a experiência imediata proporciona, e elas se referem à cheiros, texturas, temperatura, umidade e iluminação, por exemplo. Mesmo que conseguíssemos traduzir virtualmente os ambientes nesse nível de completude, ainda sim teríamos de lidar com as questões mais complexas da reprodução do acaso, gerador de espanto, serenidade, medo, encanto e outras tantas sensações que o inesperado desperta. A programação/reprodução de espaços reais para fruição virtual impossibilita a existência daquilo que chamamos de acaso, justamente por estes espaços fazerem parte de um universo limitado - ainda que gigantesco - e previsto de possibilidades inseridas pelo programador. Por outro lado, o virtual e o real teriam suas fronteiras ofuscadas caso considerássemos que nossa própria realidade é de algum modo uma programação que nos transcende.
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