Como a virtualidade pode se tornar um obstáculo?

Diante do repertório teórico explorado, a pergunta que se mostrou pertinente ao grupo foi: como a virtualidade pode se tornar um obstáculo?
Seguindo a definição do texto "Magia Além da Ignorância", o virtual pode ser lido como um evento latente/não manifesto, ou ainda, segundo Levy, o virtual como pertencente à ordem do evento, como continuidade intrínseca da substância. Pensar um objeto virtual, portanto, é pensar em um objeto que, na lógica de Flusser, ainda que crie obstacularização, tenha uma configuração tal que se abra o máximo possível em direção aos outros homens - enfatizando os aspectos comunicativos, intersubjetivos e dialógicos. Sendo portanto os objetos frutos de um processo de liberdade e responsabilidade, a sua virtude seria a de ser o mais virtual possível. O problema levantado surge exatamente neste ponto: como impregnar o objeto desta virtualidade durante o processo de criação ao mesmo tempo em que temos que fazê-lo inteligível? Em que nível a abertura da interface ao usuário é tal que chega a imobilizá-lo e a limitar sua leitura? A questão se torna mais crítica quando, ao pensarmos na metáfora do quadro branco, nos imbuímos da certeza de ter que direcionar o usuário por um caminho, por mais sutil que ele seja, e esse direcionamento se processa sempre em nossos valores e em nossa limitada visão de mundo. Há, portanto, em toda criação uma mensagem implícita, que é ela própria um obstáculo. Por outra via, o interator surge muitas vezes como fator preponderante e, onde um vê obstáculo, um outro vê potencial. Isso quer dizer que, para além das intenções e da limitação deixada pelo criador no objeto, existe sempre a diversidade de ressignificações possíveis a depender da disposição e do engajamento de cada um que se apresente.

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