Crítica - Seminário de Interatividade

"Evolving Sonic Enviroment", Haque + Robert Davis

O projeto é um exemplo de como a lógica causalística pode gerar outputs programáticos. Trabalhando em um nível tecnológico relativamente complexo, um ambiente sônico preexistente é modificado através de "inputs humanos" (as causas) processados unitária e coletivamente (efeito) por módulos que os interpretam e geram outputs de forma programática, já que cada unidade tenta pensar por si mas é constante e inesperadamente impelida pelas outras unidades. Por serem as ações promovidas pelos usuários muito processadas no nível da máquina (que opera em uma lógica própria), os efeitos causados por sua presença são minimizados e a relação dialógica se empobrece. O nível de abertura da interface é muito baixo, estabelecendo uma certa preponderância da máquina sobre o usuário. Ainda que tenha seu valor no aspecto da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico e que esteja contextualizada no foco do escritório em busca de modelos conceituais compartilhados (do homem e da máquina) - o que é interessantíssimo enquanto tema -, a obra falha se considerarmos a importância de engajar e estimular a responsabilidade das pessoas nos processos.

"Infinito ao Cubo", Cantoni Crescenti

Submeter-se ao tema do infinito em uma obra de arte é algo um tanto quanto desafiador e instigante. Isto pode elevar a obra à um patamar superior ou depreciá-la. Dito isto, o que primeiramente se observa é a superficialidade com a qual o tema foi tratado, o que se reflete na pouca abertura da interface e limitada experimentação da obra. A substância em nada se altera ou enriquece com o evento - e de certo modo mantêm-se alheia ao evento. Como parte de um princípio finalístico (que é o de representar o infinito) há pouca margem para interpretações, e daí se torna necessário recorrer a alguma dinamicidade na obra para torná-la mais interessante. Isto foi canalizado na elevação do cubo e na sua sustentação por molas, fazendo conflitar a experiência visual com aquela que engaja o usuário em manter seu equilíbrio. Comparativamente falando, há uma profundidade e sugestão muito maiores sobre o tema nas obras gráficas de Escher, por exemplo, que no cubo de Cantoni Crescenti.

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